quinta-feira, dezembro 08, 2005

O DCT quer te pegar

O texto é longo, mas por favor leiam com atenção.

Será este que vou passar para os senhores assinarem, se concordarem
com o que está sendo exposto.

"As coisas não melhoram magicamente, pelo simples decurso do tempo".

Nós, acadêmicos do curso de Bacharelado em Análise de Sistemas do
Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (CCET UFMS), considerando o seguinte:

• Que a Sociedade Brasileira de Computação SBC, na falta de órgão
regulador da profissão, tem sido adotada por esta universidade como
modelo para a construção dos currículos do nosso curso;
• Que a SBC, em seus documentos, por exemplo, o "Currículo de
Referência da SBC para Cursos de Graduação em Computação e Informática
– Proposta versão 1999" propõe que o curso possua uma integração com
pesquisa e extensão, uma integração escola-empresa, e atividades
práticas e laboratoriais;
• Que nosso curso, que possui a computação como atividade-meio, deve
possuir disciplinas de Contexto Social e Profissional, de acordo com o
mesmo documento, tais como administração, contabilidade e economia;
• Que o já referido documento da SBC recomenda que os professores do
curso sejam bacharéis da área de computação e ADMINISTRAÇÃO, e que
experiência profissional seria ALTAMENTE DESEJÁVEL;
• Que este documento, por fim, recomenda ao curso um BOM LABORATÓRIO
de informática, um laboratório (ainda que simplificado) de hardware,
que a biblioteca DEVE conter livros e revistas atualizadas;
• Que outro documento da SBC, o "Plano Pedagógico para cursos de
Bacharelado em Sistemas de Informação", de professores da PUCRS e da
UFSC dão o perfil do egresso do curso como capaz de assumir um papel
de "agente transformador do mercado, sendo capaz de provocar mudanças
através da incorporação de novas tecnologias na solução dos problemas
e propiciando novos tipos de atividades, agregando: a) domínio de
novas tecnologias da informação e gestão da área de sistemas de
informação, visando melhores condições de trabalho e de vida; b)
conhecimento e emprego de modelos associados ao uso das novas
tecnologias da informação e ferramentas que representem o estado da
arte na área; c) conhecimento e emprego de modelos associados ao
diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de projetos de
sistemas de informação aplicados nas organizações; d) uma visão
humanística consistente e crítica do impacto de sua atuação
profissional na sociedade e nas organizações".
• Que o Ministério da Educação (MEC), estabelece como "Princípios
Gerais" para as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, em
http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=view&id=430&Itemid=420,
"Incentivar uma sólida formação geral, necessária para que o futuro
graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condições de
exercício profissional e de produção do conhecimento, permitindo
variados tipos de formação e habilitações diferenciadas em um mesmo
programa; Estimular práticas de estudo independente, visando a uma
progressiva autonomia profissional e intelectual do aluno; Encorajar o
aproveitamento do conhecimento, habilidades e competências adquiridas
fora do ambiente escolar, inclusive as que se referiram à experiência
profissional julgada relevante para a área de formação considerada;
Fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a
pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a
participação em atividades de extensão, as quais poderão ser incluídas
como parte da carga horária; Incluir orientações para a condução de
avaliações periódicas que utilizem instrumentos variados e sirvam para
informar a docentes e a discentes acerca do desenvolvimento das
atividades didáticas".
• Que recentemente o Ministério Público do Mato Grosso do Sul
recomendou à UFMS a abertura de mais cursos noturnos, para atendimento
à população carente;
• Que a UFMS, em seu estatuto, no Artigo 4º, Incisos I a VII, escreve
sobre suas próprias finalidades e objetivos gerais coisas tais como
"contribuir para a melhoria do homem do MS; aproveitamento das
potencialidades da região; formar e qualificar profissionais que
contribuam com a sociedade sul-mato-grossense e brasileira; realizar
atividades que priorizem os problemas regionais e nacionais;
fortalecer permanente e continuamente a qualidade do ensino;
participar da formulação de políticas nacionais de educação, ciência,
tecnologia e cultura".
• Que o Movimento Estudantil é legítimo representante dos estudantes,
desde que em obediência aos seus próprios estatutos e regulamentos, de
acordo com a Lei Federal 7395, de 31/10/1985: "Art. 3º - Os Diretórios
Centrais dos Estudantes - DCEs são entidades representativas do
conjunto dos estudantes de cada instituição de ensino superior. Art.
4º - Fica assegurado aos Estudantes de cada curso de nível superior o
direito à organização de Centros Acadêmicos - CAs ou Diretórios
Acadêmicos - DAs como suas entidades representativas. Art. 5º - A
organização, o funcionamento e as atividades das entidades a que se
refere esta Lei serão estabelecidos nos seus estatutos, aprovados em
assembléia-geral no caso de CAs ou DAs e através de congressos nas
demais entidades."

Resolvemos escrever este documento, alertando para fatos que estão em
TOTAL DESACORDO com estas considerações, e que, portanto, têm sido
extremamente prejudiciais à nossa formação. São eles:

• Laboratórios com muitas máquinas "fora de combate". Não é de hoje
que o curso enfrenta problemas com o laboratório. Não bastasse o fato
de dividi-los com outros cursos, por exemplo, o de Ciência da
Computação e o de Administração, a UFMS possui apenas um técnico para
realizar a manutenção. O resultado é visível e claramente contrastante
com as recomendações da SBC (isto sem contar que NÃO EXISTE
LABORATÓRIO DE HARDWARE).
• A biblioteca central da UFMS há muito é motivo de piada entre os
vários cursos de graduação do câmpus, mas para nosso curso, ela é
motivo de tragédia. Onde estão os livros e as revistas da nossa área?
Entre os vários problemas gerados, está a impressão exagerada de
material divulgado pelos próprios professores – por exemplo, a quantia
de slides da disciplina "Engenharia de Software" neste 2º semestre de
2005 é absurda – e nem todo acadêmico possui dinheiro para imprimir
este material, embora ele seja freqüentemente utilizado como fonte de
consulta para as avaliações.
• O excesso de professores substitutos, convidados e/ou contratados é
causa de problemas dos mais diversos; falta de qualidade no ensino,
avaliações completamente separadas das aulas ministradas, falta de
comunicação entre os próprios professores e poucos horários
disponíveis aos alunos para tiragem de dúvidas (principalmente no
período noturno) são alguns deles. Que fique bem claro que não se
trata de preconceito, mas que também fique bem claro que não é a
SITUAÇÃO IDEAL. Por exemplo, o professor substituto não pode
participar (nem com voz nem com voto) dos colegiados da UFMS, que, ao
fim das contas, são os responsáveis pela elaboração do calendário e
das ementas dos cursos.
• Se os cursos noturnos são, de acordo com orientações do MEC e do
Ministério Público do Mato Grosso do Sul, para atendimento prioritário
aos jovens que trabalham durante o dia (e que, portanto não podem
estudar neste período) como se explica a carga de trabalho que tem
sido imposta ao curso de Análise de Sistemas? Na 3ª série, NESTE
SEMESTRE, os estudantes tinham 8 provas a realizar (2 de BD2, 2 de
EngSoft, 2 de ProjImpl, 2 de Redes), uma série de atividades em sala
(pelo menos três em Redes, e um número indeterminado em OSM), 11
trabalhos a entregar (3 de BD2, 3 de EngSoft, 2 de ProjiImpl, 2 de
Redes, 1 de OSM) e ainda conteúdos gigantescos (o livro de Redes
adotado possui 945 páginas, o de EngSoft 843 páginas – isto sem contar
os conjuntos de slides, onde por exemplo, o conjunto que foi usado no
trabalho 3 de EngSoft possui NOVENTA SLIDES).
• É notório o total desprezo do curso pelas atividades realizadas fora
de sala de aula. Isto é particularmente verdade se tais atividades não
tiverem a tutela de um professor, embora em total desacordo com os
princípios gerais do MEC e com o próprio estatuto da UFMS. Mas é ainda
mais verdade quando se trata da representação estudantil – os
estudantes são tolhidos, na prática, de exercerem seus direitos, pois
tais atividades são consideradas e tratadas pela UFMS como
"irrelevantes", e através da construção de uma carga horário de
trabalho em sala e à ela relacionada que impede qualquer outra
atividade dentro da UFMS.
• As avaliações do curso por si só, mereceriam um estudo à parte, que
aliás, não entendemos porque a Coordenação não faz. Seguem alguns
números interessantes:
o Na 1ª série, 93% das notas da P1 de Algodad I e 100% das notas da P1
de Administração NÃO ALCANÇARAM A MÉDIA;
o Na 2ª série, 85% das notas da P1 de OrgArq e 84% das notas da P1 de
Algodad II NÃO ALCANÇARAM A MÉDIA;
o Na 3ª série, 88% das notas da P1 de BD II, 83% das notas da P1 de
ProjImpl, 92% das notas da P1 de Redes e 55% das notas da P1 de
EngSoft NÃO ALCANÇARAM A MÉDIA.
• Estes números permitem uma única conclusão – se o curso de Análise
de Sistemas entende que a esmagadora maioria de seus alunos não é
capaz de obter nota 7,0 com apenas VINTE POR CENTO da matéria dada,
SÃO COMPLETAMENTE IDIOTAS. Esta, porém, não é a única explicação
possível – nós estudantes entendemos que as dificuldades que estão
sendo tratadas neste documento é que são AS GRANDES RESPONSÁVEIS por
estes índices. À parte o impacto na vida acadêmica, o devastador
impacto psicológico que esta mensagem que o curso berra aos quatro
cantos não tem sido de maneira nenhuma considerada pelos professores.
O que apenas demonstra o quanto o curso está longe de oferecer
"qualificação profissional e humanística".
• Também é muito estranho o curso "ser DE MERCADO, ser transformador
na sociedade local", e ao mesmo tempo tratar tão mal o profissional
que recebe. O aluno que trabalha vem sendo sistematicamente
prejudicado, pois não consegue atender à carga que lhe é imposta e vê
seu conhecimento, aquele mesmo que garante seu emprego, ser desprezado
e ignorado. Raríssimas vezes o curso se dispõe a estender a rotina das
matérias aos casos da vida real, embora possua estes alunos que
poderiam contribuir, ou mesmo o Núcleo de Informática (NIN) que
desenvolve sistemas há pelo menos 15 anos para toda a UFMS.
Disciplinas que poderiam tornar-se ricas e motivadoras, tais como
Banco de Dados, Administração e Engenharia de Software hoje são
"karma" a ser expurgado. Aulas maçantes e COMPLETAMENTE DESLIGADAS da
vida real marcam estas disciplinas. Por exemplo, em BD II, não tivemos
NENHUMA AULA PRÁTICA em TODO UM SEMESTRE. Isto, é claro, sem contar o
sofrimento que é para o aluno que precisa de abono de faltas devido ao
seu trabalho, como aconteceu recentemente na matéria de OSM.
• Embora sejam cursos muito diferentes, tanto nos objetivos a que se
propõem quanto nas grades curriculares, a cada ano as turmas de
Análise de Sistemas e de Ciência da Computação assistem mais aulas
juntas. Não existe motivo para isto a não ser a crônica falta de
professores que a UFMS enfrenta. Perdem os dois cursos: nem a
disciplina é vista com a profundidade que o curso de CC deveria, nem a
disciplina tem o aspecto de mercado que o curso de AS merece. Este
problema acaba gerando distorções tais como o aluno de AS sendo
incentivado a fazer o Mestrado em Computação, e o aluno de CC indo
para o mercado "matar passarinho com bala de canhão".
•
• Criação de faculdades.
• Retirada do direito de coordenar projetos de extensão.
• Seriado de mentirinha.


--
Mauricio E Gleizer
3º ano AS UFMS
ENEC/MS
.
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Existem 10 tipos de pessoas no mundo, as que sabem binário e as que não sabem

3 Comments:

At 09 dezembro, 2005 11:15, Anonymous Anônimo said...

Eh isso aí Mauricio, assino embaixo.

 
At 08 janeiro, 2006 23:16, Blogger Eduardo[Ruivo] said...

Bem, só posso dizer que todas as reclamações tem argumentos vazios e muito fracos. Culpar o Departamento pela falta de professores? Pela falta de laboratórios? Façam-me o favor. Como se o DCT tivesse culpa disso. Há quanto tempo o governo federal não faz concurso para contratação de novos professores? E há quanto tempo o CCET não recebe verba federal para montagem de novos laboratórios?

E reclamar que o pessoal do terceiro ano iria ter 8 provas durante um SEMESTRE e estudar pras provas? Nçao fazem mais que a obrigação, já que escolheram o curso quando fizeram vestibular. E para reforçar ainda mais a inconsistência das reclamações, pedem mais atividades para integrar teoria e prática, mas no momento que em que essas atividades são ministradas, surge a reclamação de que há a necessidade de fazê-las. Contraditório não?

Eu poderia escrever 2 mil linhas para mostrar todas as coisas que, são cobradas dos professores mas sendo que os alunos também não cumprem sua parcela, não admitindo sua culpa conjunta.

 
At 19 junho, 2008 05:52, Anonymous Anônimo said...

Ihuuuuuuuuuu ! ! !

 

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